quarta-feira, 29 de julho de 2020

Capítulo 100


Ficamos ali naquela espera por notícias, que mais parecia uma eternidade. Eu estava inquieto, com meu coração a mil e me sentindo até culpado pelo o que estava acontecendo. Afinal, quem insistiu nessa história de terceiro filho foi eu.
laura: eles estão demorando pra dar notícias.
júnior: eu não paro de pensar nisso
gil: será que aconteceu alguma coisa grave?
jota: vira essa boca pra lá, gil
neymar: calma, vamos pensar positivo.
Nessa hora, eu não conseguia pensar mais nada, só queria saber como a malu estava, porque essa demora toda por notícias, não é normal. Depois de uma hora, que mais parecia dez, a médica veio falar com a gente. Assim que ela chegou, eu levantei na hora.
júnior: e aí, doutor, tudo bem com ela?
paola: agora tá tudo bem
laura: foi muito grave?
júnior: e o bebê?
paola: então… a maria luiza sofreu uma hemorragia muito forte, que acabou ocasionando em um aborto espontâneo. 
júnior: não… não - coloquei as duas mãos no rosto e comecei a chorar - não pode ser.
neymar: filho, calma. Vocês ainda são jovens, oportunidades não vão faltar pra que ela engravide de novo.
álvaro: seu pai tá certo, irmão. 
paola: é que tem mais uma coisa.
laura: o que? é alguma coisa com ela? 
paola: como eu disse, a maria luiza sofreu uma hemorragia… olha, nós tentamos de tudo mas infelizmente tivemos que fazer uma histerectomia.
laura: histere o que?
júnior: o que isso significa?
paola: nós tivemos que retirar o útero dela, era é o que tinha que ser feito para salvar a vida dela. 
laura: meu deus - ela colocou as duas mãos no rosto e me olhou - juninho…
júnior: a culpa é minha
laura: não, não fala isso - ela me abraçou - você não tem culpa nenhuma.
júnior: eu que insisti por esse terceiro bebê.
gil: a gente vai poder ver ela?
paola: sim, ela está voltando da anestesia, mas só duas pessoas.
jota: vai, juninho.
laura: eu quero ir junto.
neymar: vão vocês dois então 
paola: estão levando ela pro quarto, quando estiver tudo certo, vocês serão avisados. Eu ainda preciso dar a notícia pra ela. Com licença.
Eu estava despedaçado com essa notícia, eu não consigo imaginar como vai ser pra malu quando ela descobrir isso. única coisa que eu conseguia pensar, era o quanto eu sou culpado por tudo isso. Depois de meia hora de espera, fomos liberados para ir ver a malu. Quando abri a porta do quarto, a médica estava contando pra ela que, assim que ouviu a notícia, caiu no choro.
júnior: eu não vou conseguir fazer isso - fui sair mas a laura não deixou.
laura: não, ela precisa de você 
Respirei fundo e entrei no quarto. 
  • Júnior off
Acordei na sala de cirurgia, parece que tudo que aconteceu antes de eu chegar aqui, estava como um borrão na minha mente, mas lembro perfeitamente como vim parar aqui. Uma enfermeira falou comigo e foi me levando para o quarto. Assim que entramos no quarto, foram ajustando tudo ali direitinho.
malu: você sabe o que aconteceu?
xxx: a doutora paola já vem conversar com você, tá bom?! - assenti que sim e ela saiu do quarto.
Bateram ali na porta, entrou uma mulher e mais um homem, ela se apresentou como doutora paola e ele doutor henrique. Os dois perguntaram como eu estava, conversaram um pouco e quando ela me contou sobre o aborto e a minha cirurgia para a retirada de útero, meu coração despedaçou e eu comecei a chorar. Olhei pra porta e vi o júnior ali com a laura. Ele veio até mim.
malu: jú… - ele não falou nada e me abraçou - acabou, amor, acabou tudo.
júnior: calma, tá tudo bem, eu to aqui com você
Nem sei por quanto tempo nós ficamos ali abraçados. Eu só sabia chorar, não conseguia pensar em mais nada. Além de perder o bebê, agora meu sonho de ter mais um filho também foi arrancado de mim. 
laura: amiga - ela me abraçou - a gente tá aqui com você, não importa o que aconteça.
malu: e agora? o que vai ser?
júnior: não vamos mais pensar nisso, não é o momento. O que importa é que você tá bem, com saúde, que você tá aqui com a gente.
laura: é verdade, malu.
júnior: eu não vou sair do seu lado - ele segurou minha mão e sentou ali na cama comigo - tá sentindo alguma dor?
malu: não, só quero saber quando eu vou poder ir pra casa, ver meus filhos.
laura: acho que talvez amanhã pela manhã, no começo da tarde.
Eles ficaram ali comigo, me consolando e me ajudando a entender o porque disso tudo. A enfermeira entrou ali no quarto, ela fez alguns exames em mim. Perguntei sobre a minha alta e ela disse que não sabia, mas se soubesse de algo, ia me informar. A laura logo foi embora com os meninos, pedi para ela me mandar notícia das crianças. Ficamos só eu e o júnior ali.
malu: você não tem treino, amor?
júnior: to nem pensando em treino com você assim, malu. Primeiro a sua saúde.
malu: por que isso teve que acontecer com a gente, jú? 
júnior: amor, são os planos de Deus… sei que Ele tem algo muito melhor pra gente mais pra frente.
malu: desculpa te decepcionar e não poder te dar mais um filho.
júnior: malu, você não tem culpa de nada, para de falar isso. E outra coisa, esse não é o momento da gente pensar nisso. Sua vida e sua saúde em primeiro lugar. E hoje em dia, existem tantas outras maneiras de ter um filho… a oportunidade não vai faltar. Mas esse não é o momento da gente falar disso. Quero que você fique bem - deitei minha cabeça no seu ombro e ele beijou minha testa - te amo.
malu: te amo
O jú ficou ali me dando carinho, conversando comigo e eu acabei dormindo, estava exausta e precisando descansando. 
(...)
A tarde, a médica veio conversar comigo, perguntar como eu estava e também me examinou. Ela falou, que se tudo der certo, amanhã eu recebo alta e que preciso de repouso absoluto. Acho que a pior parte de tudo isso era contar para as pessoas da família o que aconteceu. Minha mãe, assim que recebeu a notícia, disse que estava vindo, mesmo eu falando mil vezes que não precisava mas, como ela mesma disse “é coisa de mãe” e ela só vai se sentir mais tranquila quando me ver pessoalmente. A enfermeira me ajudou a tomar banho e depois eu voltei pra cama.
júnior: sua mãe tá vindo, né?! tava falando com ela.
malu: pois é, eu disse que não precisava, mas você conhece a dona letícia.
júnior: conheço e você é igualzinha a ela - ele me deu um beijo na testa - tá se sentindo melhor?
malu: sim, muito melhor. Um banho parece que me deu uma revigorada, apesar de ainda não entender o porquê de tudo isso.
júnior: já falei, amor, Deus sabe de todas as coisas - ele me deu um selinho - mas a única certeza que eu posso te dar, é de que eu te amo e não vou sair do seu lado nunca, nunca.
malu: obrigada, jú.
Quinta, 16 de julho 2020.
Minha alta acabou sendo adiada por mais um dia, por causa dos meus dois filhos pequenos, a médica achou melhor eu ir embora quando minha cicatrização estivesse mais evoluída e esse dia chegou. Depois que recebi minha alta, o júnior foi guardando minhas coisas e nós fomos indo embora. Agradeci muito a todo mundo que me ajudou e cuidou de mim nesses dias que fiquei por aqui e, fomos para casa.
malu: eu to morrendo de saudade das crianças.
júnior: eles também estão com saudades de você, amor. A alice pergunta o tempo todo - eu já fiquei com os olhos marejados - e o Lili tá com dificuldade pra dormir, porque sente sua falta.
malu: eu quero agarrar muito eles.
Chegamos em casa, saímos do carro, o júnior pegou minha mão e nós fomos entrando. Fomos ali pra sala e eu sentei no sofá.
júnior: eu vou lá buscar eles pra te verem.
jota: maluzinha - ele apareceu ali na sala com o álvaro - muito feliz que você voltou.
malu: eu mais ainda - os dois me abraçaram.
álvaro: você sabe que essa casa fica chata sem você atormentando a gente.
malu: sim, eu sei que faço muita falta - rimos 
O júnior apareceu ali na sala com as crianças e a alice, assim que me viu, correu até mim.
alice: mamãe.
malu: meu amor - dei um abraço super apertado nela e foi inevitável as lágrimas não rolarem - a mamãe tava morrendo de saudade.
alice: eu tava com saudade, mamãe 
malu: minha linda - passei a mão no rosto dela - você parece que cresceu nesses dias longe - ri. O Liam estava no colo do júnior, se jogando pra cima de mim - meu meninão - peguei ele no colo e fiquei enchendo de beijos - como é bom estar em casa.
andressa: amiga, que bom ter você em casa, sério - ela me abraçou 
malu: nem acredito que to em casa, finalmente.
Todo mundo me abraçou e me falou coisas tão lindas.
laura: amiga, tem uma pessoa que quer te ver também.
malu: quem? - minha mãe apareceu ali na sala - ai, mãe.
letícia: eu não via a hora de chegar, minha filha - ela veio me abraçar e eu chorei mais ainda - eu tive tanto medo de te perder ou de algo mais grave acontecer com você.
malu: eu to bem, mãe. Tá tudo bem.
letícia: graças a Deus - ela passou a mão no meu rosto - agora eu to aqui, pra cuidar de você.
malu: eu disse que não precisa, né?! 
letícia: e por que não precisava?
malu: você tem que ajudar o gi e a carol com o bebê
letícia: a carol tem a mãe dela que tá ajudando muito, quem precisa de mim nesse momento é você.
malu: te amo. 
Estar em casa é o que deixou meu coração preenchido e muito feliz. Ter as pessoas que eu amo a minha volta é tudo o que eu mais desejava quando estava naquela cama de hospital. (...) A noite, depois que demos o jantar das crianças, subimos para colocar eles na cama.
claudia: repouso absoluto, viu, vou monitorar você.
malu: ai, claudinha - revirei os olhos - você sabe o quanto eu odeio isso.
claudia: mas é necessário, né.
júnior: ainda bem que você vai ficar de olho nela, claudinha.
malu: coitada da claudia, amor. Já tem que ficar com as crianças.
claudia: ai, malu, como se isso fosse um incomodo pra mim. 
alice: mamãe, conta uma história pra mim?
malu: claro, meu amor - peguei um livro, sentei ali ao lado do berço dela e fui contando a história pra ela que logo dormiu.
Quando fomos colocar o Liam na cama, ele não queria dormir de jeito nenhum ali no berço.
júnior: amor, acho que ele quer dormir grudadinho em você.
malu: então vamos levar ele pra nossa cama - fui pegar o Liam no berço.
júnior: não, deixa que eu levo ele - pegou o Liam - você não pode fazer esforço.
malu: não posso nem pegar meu filho?
júnior: por enquanto, não 
Nós fomos pro nosso quarto, fiquei ali deitada com o Liam e ele logo dormiu, realmente o que ele queria era ficar grudadinho em mim. Assim que ele dormiu, levantei e fui pro banheiro. Escovei os dentes, tomei um banho, coloquei meu pijama e deitei com ele e com o júnior.
malu: como é bom poder dormir na minha cama, na minha casa.
júnior: melhor ainda é ter você aqui, amor 
Peguei meu celular e fui ver a mensagem no grupo das minhas amigas.
Andressa Cavalheiro 
Malu, já vai dormir?
     Hahahahaha sim, morrendo de sono e com saudades de dormir na minha cama
     E também estou em ótima companhia por aqui 😍
     
Laura Souza
Que coisa mais gostosaaaa
A gente ia te chamar pra assistir filme, mas tá liberada kkkkk
Marcela Franco 
Maluzinha, tão bom te ver em casa e assim grudada no Lili
Vc tá melhor?
     Muito melhor, graças a Deus 
     Não via a hora de chegar em casa e ficar com meus pequenos.
Carol Ginart
Meu coração já tava apertado longe com vc passando por tudo isso 
Mas agora to aliviada em saber que está tudo bem 
Conversei mais um pouco com as meninas e depois larguei o celular. Eu e o jú conversamos um pouco e eu dormi. Acordei no outro dia com o Liam se mexendo na cama, abri os olhos e ele já estava acordado.
malu: oi, meu meninão - fiz um carinho no rosto dele que sorriu, estiquei o braço para pegar meu celular e era 08:15. Me espreguicei e sentei na cama - vamos levantar? - peguei o Liam e fui pro banheiro, escovei os dentes e desci de pijama mesmo. Entrei na cozinha e o pessoal estava tomando o café da manhã - bom dia.
letícia: filha, por que não me chamou pra te ajudar?
malu: me ajudar com o que, mãe? - sentei 
claudia: já preparei a mamadeira dele - ela me entregou
malu: obrigada, claudinha 
O Liam deitou no meu colo e ficou mamando. Depois do nosso café da manhã, deixei minha mãe e a claudia com as crianças e subi. Tomei um banho, me vesti e quando saí do banheiro, o júnior estava arrumando a mochila.
júnior: to indo pro treino, espero não chegar muito tarde.
malu: vai tranquilo, meu amor - dei um beijo nele
júnior: você tá bem mesmo?
malu: claro que to, jú. 
júnior: qualquer coisa, me liga - revirei os olhos - é sério, maria luiza.
malu: tá bom, jú, eu sei
Nós dois descemos juntos, ele se despediu das crianças e saiu. Eu fiquei lá fora com as crianças, minha mãe, a claudia e minhas amigas. Ficamos aproveitando o dia lindo de sol que estava fazendo aqui em Paris. A alice e o Liam estavam super grudados em mim e eu até entendo, ficamos alguns dias separados e nem por chamada de vídeo nos falamos, porque isso ia fazer eles sentirem ainda mais a minha falta. Depois do almoço, meus pequenos dormiram e eu fiquei lá deitada no sofá, mexendo no celular. Comecei a pesquisar mais sobre histerectomia, o procedimento no qual fui submetida. Descobri que, mulheres que passaram por esse mesmo procedimento que eu, tiveram filhos através da barriga de aluguel, porque os óvulos foram preservados. Comecei a ler o depoimento de várias mulheres sobre isso e meu coração até acelerou. Talvez a barriga de aluguel seja o caminho, se no futuro eu e o júnior decidirmos por ter mais um bebê. Acho que foi a primeira vez nesses dias que eu me senti realmente animada e com esperanças. Eu só queria que o júnior chegasse em casa logo para que eu conte sobre isso pra ele...

13 comentários:

  1. Adorei, pena só que a Malu perdeu o bebê, mas tudo vai ficar bem ,continua

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  2. Eu não chorei lendo esse capítulo não né?uma pena ela ter perdido o bebê

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  3. Espero que eles consigam uma barriga de aluguel

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  4. Seria legal eles adotarem um bebê também né? Um possibilidade também sem ser barriga de aluguel

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  5. Fiquei muito mal por ela perde o bebê e principalmente por não poder engravidar mais pq eu queria tanto esse baby. Se realmente for da vontade deles mais um filho acho legal adotar pra que barriga de aluguel se tem várias crianças ai prontas pra receber todo amor bom e a minha opinião continua

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  6. Eles podiam adotar sem ser barriga de aluguel. Tem tanta criança sem país ai seria legal e lindo da parte deles adotarem

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